segunda-feira, 26 de outubro de 2020


26 DE OUTUBRO DE 2020
OPINIÃO DA RBS

O DESAFIO DO DESENVOLVIMENTO 

O mosaico de métricas do Índice de Desenvolvimento Estadual - Rio Grande do Sul (iRS), estudo que ao longo dos últimos sete anos faz um retrato dinâmico da evolução da qualidade de vida dos gaúchos, mostra em sua última edição desafios persistentes e avanços que permitem comemoração. No cotejo com as demais unidades da federação, o Estado permanece na sexta posição no ranking geral. Não é exatamente um posto que possa ser motivo de orgulho, mas ao menos o Rio Grande do Sul não perdeu mais colocações, como ocorreu nos últimos dois anos. Indicador socioeconômico, o iRS analisa as dimensões padrão de vida, educação e, juntas, segurança e longevidade.

A iniciativa é fruto de uma parceria entre Zero Hora e PUCRS. Hoje, a partir das 19h30, no canal do YouTube da universidade, o Fórum iRS analisa os principais resultados divulgados na semana passada compostos pelos dados de 2018, o ano mais recente com todas informações analisadas disponíveis e que dão sequência ao trabalho que vem mostrando as transformações em aspectos que interferem no bem-estar e são condicionantes para o desenvolvimento.

A grande fragilidade do Estado está na educação e, sem dúvida, é a área que deve merecer a principal atenção de gestores públicos e da sociedade para que seja possível uma reversão neste quadro preocupante. A qualidade do ensino é base para o progresso de qualquer território. O nível de aprendizagem de crianças e jovens está diretamente vinculado ao futuro, seja ele de prosperidade, estagnação ou decadência. E o Rio Grande do Sul perdeu duas posições no recorte da educação e agora amarga um constrangedor 16º lugar, abaixo da média nacional. Sem corrigir os rumos nesta dimensão, eleva-se o risco de os gaúchos ficarem para trás na maratona do desenvolvimento.

O lado positivo aparece em segurança e longevidade, especialmente pela queda dos homicídios em 2018, após um ano de 2017 marcado pela violência extremada gerada em grande parte por disputas entre facções. Ao mesmo tempo, políticas de segurança foram revistas no Estado, e acertos mantidos, mesmo com a troca de governo. A melhora neste indicador, principalmente, fez o Estado subir uma posição no ranking nacional e se estabelecer na quinta colocação. Como os números de assassinatos seguiram caindo em 2019, e a tendência está mantida até agora em 2020, o Rio Grande do Sul pode ostentar um posto ainda melhor nas próximas edições do iRS nesta dimensão. Fica ao menos a percepção de que a direção seguida está correta.

O grande divisor de águas para o destino do Rio Grande do Sul, portanto, passa necessariamente por uma evolução no ensino, principal tema do Fórum iRS de hoje. Se os obstáculos na educação já eram imensos, se tornaram ainda mais desafiadores com a pandemia. A volta às aulas nas escolas públicas do Estado, na semana passada, não pode ser considerada um bom começo. O próprio Piratini ressaltou ter planejado por meses a retomada, mas a falta de EPIs e de produtos de limpeza prometidos nas escolas revela falhas no processo. O receio justificado dos pais de enviarem os filhos para as aulas presenciais e a resistência corporativa ao regresso à sala de aula complementam o panorama de um reinício frustrado. Recolocar a educação nos trilhos será uma tarefa árdua, mas inadiável. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário