quarta-feira, 14 de outubro de 2020


14 DE OUTUBRO DE 2020
OPINIÃO DA RBS

A reorganização da economia 

O desarranjo da economia com a chegada do novo coronavírus, aliado a uma reação do consumo até mais rápida do que o esperado nos últimos meses, tem causado contratempos a indústrias, varejo e consumidores. Há escassez de matérias-primas e, por consequência, nota-se a falta de certas mercadorias no comércio, desde materiais de construção, passando por itens do vestuário, móveis e eletrodomésticos. O quadro preocupante, retratado em reportagem na edição de ontem de Zero Hora, representa um risco adicional de inflação para os brasileiros, já aflitos pela escalada dos preços dos alimentos. Por outro lado, a reorganização de várias cadeias produtivas traz desafios adicionais ao país, mas também oportunidades.

Fábricas que pararam ou fecharam as portas, alta de vários insumos pela grande valorização do dólar e gargalos logísticos dão o contorno para a dificuldade momentânea e pontual para a reposição de estoques e prateleiras. Com a aproximação de datas como a Black Friday e o Natal, aumenta naturalmente a demanda, mas cabe ao consumidor agir com prudência e inteligência para evitar de, na ânsia de ir às compras, pagar caro demais pelos itens desejados e acabar contribuindo com a pressão inflacionária. Mais do que nunca, é preciso adaptar hábitos e pesquisar para gastar bem a suada renda em um momento ainda de incerteza com a retomada da atividade no Brasil.

A tendência, com o tempo, é de que a oferta vá se ajustando à demanda. Afinal, ainda há grande ociosidade nas fábricas brasileiras. Ao mesmo tempo, surge para as indústrias nacionais, castigadas por vários anos de crise e concorrência de produtos estrangeiros, a oportunidade de nacionalizar a produção e substituir importados. Sabe-se que esse não é um processo rápido e os custos no Brasil seguem altos. Mas há espaço. De janeiro a setembro, de acordo com dados do governo federal, as aquisições do Exterior recuaram 15%, uma diferença de quase US$ 20 bilhões. Enquanto isso, o setor de manufatura nacional, o varejo e a construção civil vêm demonstrando recuperação.

O reaquecimento da demanda pode ainda se traduzir em mais contratações, aliviando o drama do desemprego no país. Até por essa razão, espera-se que o Congresso analise logo e derrube o veto do presidente Jair Bolsonaro à prorrogação da desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia, dando mais segurança para empregadores abrirem vagas. Espera-se, da mesma forma, que avancem outras agendas importantes para melhorar a competitividade da economia brasileira, como a reforma tributária. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, disse no fim de semana esperar um acordo com o governo para fechar a proposta de simplificação do intrincado sistema de tributos do país ainda neste ano. O momento é de destravar pautas que possam levar o Brasil a uma recuperação mais rápida e robusta.

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