sexta-feira, 23 de outubro de 2020


23 DE OUTUBRO DE 2020
DIFERENÇA DE RENDA

Porto Alegre é a metrópole mais desigual do sul do país 

O abismo entre ricos e pobres ficou maior na pandemia na Região Metropolitana de Porto Alegre. Isso ocorreu porque, no segundo trimestre, houve alta de 5,5% no indicador que mede a diferença de renda do trabalho entre as diferentes camadas da sociedade. Em relação a Florianópolis e Curitiba, a Grande Porto Alegre apresenta a maior desigualdade entre as metrópoles da Região Sul, embora ainda esteja abaixo da média nacional.

As conclusões integram o Boletim Desigualdade nas Metrópoles. Com base em microdados do IBGE, a pesquisa analisa as variações na renda do trabalho em 22 regiões metropolitanas do país. O estudo é uma parceria entre PUCRS, Observatório das Metrópoles e Observatório da Dívida Social na América Latina.

O indicador que mede a desigualdade é o coeficiente de Gini, com escala de zero a um. Quanto mais próximo de zero, maior o nível de igualdade.

A alta de 5,5% na Região Metropolitana de Porto Alegre ocorreu porque o indicador subiu de 0,603 para 0,636 no segundo trimestre de 2020, em relação a igual período de 2019. O aumento não é exclusividade da capital gaúcha. Houve elevação em 21 dos 22 locais pesquisados - a exceção foi Maceió. No mesmo intervalo, a desigualdade nacional, superior à gaúcha, avançou 4,9%, de 0,610 para 0,640.

Os dados contemplam apenas recursos obtidos com o trabalho - formal ou informal. Logo, transferências de programas como o auxílio emergencial não entram nos cálculos. O auxílio emergencial, no período da pandemia, reduziu a pobreza no Brasil.

- A desigualdade teve boom de crescimento em razão da pandemia. Isso mostra o quão necessárias são as políticas sociais - frisa André Salata, professor do programa de pós-graduação em Ciências Sociais da PUCRS e um dos coordenadores do boletim.

Complexidade

Na média móvel de quatro trimestres, até o segundo deste ano, o coeficiente de Gini ficou em 0,609 na Grande Porto Alegre. É o décimo menor do país, mas o maior da Região Sul. Florianópolis (0,546) tem a marca mais baixa entre as metrópoles pesquisadas. Curitiba (0,565) é a terceira menos desigual do país. Já a média nacional ficou em 0,615, acima da registrada na capital gaúcha.

- Porto Alegre já era a mais desigual das metrópoles do Sul. É mais complexa do que as demais, com economia mais diversificada. Esse fator pode gerar mais desigualdade, as pessoas que estão mais embaixo na pirâmide social têm ocupações menos protegidas - afirma Salata.

Segundo o boletim, houve queda generalizada nos rendimentos do trabalho na pandemia. O que chama atenção é que, percentualmente, a baixa foi maior entre os mais desfavorecidos. No segundo trimestre, a renda dos 40% mais pobres encolheu 41,7% na Grande Porto Alegre. Os 10% mais ricos amargaram recuo de 12,9% nos ganhos. 

LEONARDO VIECELI

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